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O que a gente pode fazer hoje para que crianças e adolescentes em situação de rua vivam com dignidade?


Segundo o Fórum Brasileiro de Segurança Pública (2024), mais de 80% dos adolescentes assassinados no Brasil são negros. O IBGE (2023) mostra que crianças negras estão entre as mais afetadas pela pobreza extrema e pela falta de acesso à educação, saneamento e saúde. Esses números não são apenas estatísticas são o reflexo de uma estrutura que continua negando humanidade a quem vem das periferias, das favelas e das ruas.


A dignidade, como lembra Sueli Carneiro (2003), é o ponto de partida de qualquer política antirracista:

“Sem o reconhecimento da humanidade plena da população negra, não há justiça possível.”

Cuidar da infância é, portanto, um ato político e ancestral. Como diz Conceição Evaristo, “a escrevivência não é para adormecer os da casa-grande, é para acordá-los dos seus sonos injustos”. Garantir que crianças e adolescentes vivam com dignidade é romper com os ciclos de silêncio e exclusão que naturalizam a desigualdade racial e social no Brasil.


O que podemos fazer hoje?


  • Ouvir e acreditar nas infâncias: crianças e adolescentes em situação de rua, institucionalizadas ou em territórios periféricos precisam ser vistas como sujeitos de direitos não como problemas sociais.

  • Fortalecer redes de cuidado comunitário, como abrigos, coletivos, organizações de base e movimentos sociais que atuam diretamente com infância e juventude.

  • Cobrar políticas públicas intersetoriais: saúde, cultura, educação, moradia e assistência social precisam dialogar para garantir proteção integral.

  • Promover acesso à cultura e à ancestralidade, reconhecendo o papel da arte, da memória e da educação popular como formas de cura e resistência.


Como aponta bell hooks, “o amor é um ato de vontade a intenção de nutrir o próprio crescimento e o de outrem”. Garantir dignidade à infância é, então, um ato de amor político: é olhar para o futuro e decidir que nenhuma criança será deixada para trás, invisibilizada ou violentada.


Na Pretas Ruas, seguimos construindo espaços de convivência, aprendizado e afeto, onde pessoas, crianças e adolescentes possam brincar, criar, sonhar e existir com alegria e respeito. Porque cuidar das novas gerações é cuidar do que temos de mais sagrado: a possibilidade de um amanhã que não repita as violências de ontem.


 
 
 

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