O Interminável 14 de Maio: o que a abolição não fez e a rua revela
- Pamella Oliveira
- 13 de mai.
- 2 min de leitura

No dia 13 de maio de 1888, a Princesa Isabel assinou a Lei Áurea, que oficialmente aboliu a escravidão no Brasil. Mas, para nós da Pretas Ruas, é o 14 de maio que merece atenção – porque foi no dia seguinte à abolição que o Estado brasileiro abandonou, mais uma vez, a população negra à própria sorte.
Sem terra.
Sem casa.
Sem acesso à educação.
Sem trabalho digno.
Sem nenhum projeto de reparação.
Essa ausência de políticas públicas eficazes, combinada com um racismo estrutural que nunca foi enfrentado de verdade, criou o cenário que vivemos hoje: pessoas negras seguem sendo as mais afetadas pela pobreza, pela violência e pelo abandono institucional. E isso se materializa com força nas ruas.
A rua como espelho do Brasil que não superou sua herança escravocrata
Quem anda pelas calçadas, pelos viadutos e pelas praças das cidades brasileiras vê a permanência da exclusão. Hoje, 7 em cada 10 pessoas em situação de rua são negras. A rua é a consequência visível de uma abolição inconclusa e de um Estado que continua lavando as mãos.
A escravidão acabou oficialmente, mas a desigualdade que ela criou se modernizou.
O 14 de maio nunca terminou.
Ele se repete todos os dias para quem não tem onde morar, o que comer, onde ser cuidado. Para quem é criminalizado por existir e precisa resistir à violência policial, à falta de atendimento médico, ao preconceito de gênero e raça, à solidão.
O que fazemos na Pretas Ruas
Nós não aceitamos esse cenário como natural. Somos uma organização criada e liderada por mulheres negras que sabem que a rua é potência, mas não por escolha. Atuamos com quem está no olho do furacão da desigualdade, fortalecendo vínculos e construindo caminhos possíveis.
Nossos pilares são:
Protagonismo: apoiamos para que cada pessoa seja autora da sua própria história.
Promoção de direitos: fazemos rodas, oficinas, formações e mobilizações que garantem acesso à cidadania.
Proteção: enfrentamos a violência institucional com rede e acolhimento.
Garantia de direitos: pressionamos por políticas públicas que levem em conta raça, gênero e território.
Por que precisamos falar de reparação
Quando falamos de reparação, não estamos falando de passado. Estamos falando de presente e de futuro. O racismo estrutural que empurrou pessoas negras para a rua continua operando nas decisões do Estado, na distribuição de recursos, na negligência com as vidas pretas.
Reparar é:
Investir em moradia digna e políticas de cuidado.
Ampliar o acesso à saúde mental e à redução de danos.
Apoiar mães que vivem nas ruas com seus filhos.
Reconhecer que a dívida histórica só pode ser paga com justiça social.
O que você pode fazer agora
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Nosso compromisso é com a vida, a dignidade e o resgate de identidades.
Seguimos resistindo – por nós, por todas as que vieram antes, e pelas que ainda virão.
Pretas Ruas – protagonismo, cuidado e justiça social nas ruas.
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