top of page

O Interminável 14 de Maio: o que a abolição não fez e a rua revela




No dia 13 de maio de 1888, a Princesa Isabel assinou a Lei Áurea, que oficialmente aboliu a escravidão no Brasil. Mas, para nós da Pretas Ruas, é o 14 de maio que merece atenção – porque foi no dia seguinte à abolição que o Estado brasileiro abandonou, mais uma vez, a população negra à própria sorte.

Sem terra.

Sem casa.

Sem acesso à educação.

Sem trabalho digno.

Sem nenhum projeto de reparação.


Essa ausência de políticas públicas eficazes, combinada com um racismo estrutural que nunca foi enfrentado de verdade, criou o cenário que vivemos hoje: pessoas negras seguem sendo as mais afetadas pela pobreza, pela violência e pelo abandono institucional. E isso se materializa com força nas ruas.


A rua como espelho do Brasil que não superou sua herança escravocrata


Quem anda pelas calçadas, pelos viadutos e pelas praças das cidades brasileiras vê a permanência da exclusão. Hoje, 7 em cada 10 pessoas em situação de rua são negras. A rua é a consequência visível de uma abolição inconclusa e de um Estado que continua lavando as mãos.

A escravidão acabou oficialmente, mas a desigualdade que ela criou se modernizou.

O 14 de maio nunca terminou.

Ele se repete todos os dias para quem não tem onde morar, o que comer, onde ser cuidado. Para quem é criminalizado por existir e precisa resistir à violência policial, à falta de atendimento médico, ao preconceito de gênero e raça, à solidão.


O que fazemos na Pretas Ruas


Nós não aceitamos esse cenário como natural. Somos uma organização criada e liderada por mulheres negras que sabem que a rua é potência, mas não por escolha. Atuamos com quem está no olho do furacão da desigualdade, fortalecendo vínculos e construindo caminhos possíveis.


Nossos pilares são:

  • Protagonismo: apoiamos para que cada pessoa seja autora da sua própria história.

  • Promoção de direitos: fazemos rodas, oficinas, formações e mobilizações que garantem acesso à cidadania.

  • Proteção: enfrentamos a violência institucional com rede e acolhimento.

  • Garantia de direitos: pressionamos por políticas públicas que levem em conta raça, gênero e território.


Por que precisamos falar de reparação


Quando falamos de reparação, não estamos falando de passado. Estamos falando de presente e de futuro. O racismo estrutural que empurrou pessoas negras para a rua continua operando nas decisões do Estado, na distribuição de recursos, na negligência com as vidas pretas.

Reparar é:

  • Investir em moradia digna e políticas de cuidado.

  • Ampliar o acesso à saúde mental e à redução de danos.

  • Apoiar mães que vivem nas ruas com seus filhos.

  • Reconhecer que a dívida histórica só pode ser paga com justiça social.


O que você pode fazer agora


📢 Compartilhe este texto e leve essa conversa para onde estiver.

💰 Apoie financeiramente nossa organização e ajude a manter nossas ações nas ruas:Chave Pix: pretasruas@gmail.com


Nosso compromisso é com a vida, a dignidade e o resgate de identidades.


Seguimos resistindo – por nós, por todas as que vieram antes, e pelas que ainda virão.


Pretas Ruas – protagonismo, cuidado e justiça social nas ruas.

 
 
 

Comments


bottom of page